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Novos corantes naturais feitos de algas e bactérias poderão substituir os corantes sintéticos no tingimento têxtil

18/04/2017 13h06 | Atualizado em: 18/04/2017 13h13

Tais benefícios vão ajudar a alcançar os objetivos da legislação da UE, abrangendo águas residuais.
As algas e bactérias poderão ser a nova fronteira da indústria química para substituir os corantes sintéticos no tingimento de tecidos para moda e decoração? A indústria têxtil utiliza grandes volumes de diferentes corantes principalmente os sintéticos que podem apresentar muitos problemas ambientais, devido à abundância de produtos químicos perigosos (álcalis, ácidos, solventes, etc.) que estão associados com estes corantes.

Grandes volumes de resíduos perigosos e de águas residuais são produzidas a partir de diversos processos têxteis que usam corantes sintéticos. De acordo com o Banco Mundial, as indústrias de tingimento produzem 20% da água poluída na industrial que são despejados sem tratamento nos rios e lagos de países asiáticos que concentram a maior produção têxtil mundial. Já os corantes naturais tendem a ser clinicamente mais seguro do que os corantes sintéticos porque normalmente não produzem riscos perigosos e possuem melhores características biodegradáveis.

Mas a produção de corantes naturais é mais complexa, mais limitante na quantidade de cores e também implica mais tempo e recursos (1kg requer por volta de 1230 ha de terras agrícolas), tornando-os uma opção pouco competitiva. Para criar uma terceira alternativa, pesquisadores estão apostando nas algas e bactérias para se obter novos corantes naturais.

O projeto SEACOLORS cria uma nova geração de corantes naturais com algas

O projeto espanhol SEACOLORS é um centro de pesquisa nas Ilhas Canárias montado pelo Banco Espanhol de Algas (BEA) para validar um novo processo de fabricação de corantes naturais através de uma fonte sustentável e renovável, as algas. O projeto também irá testar e avaliar as possibilidades de utilização desses novos corantes naturais para substituir os corantes sintéticos na indústria têxtil.



Os benefícios ambientais dos corantes biodegradáveis ​​são inegáveis, incluindo a diminuição das águas residuais e redução da necessidade de purificação da água. Tais benefícios vão ajudar a alcançar os objetivos da legislação da UE, abrangendo águas residuais. O projeto vai atingir os seus objetivos por:

Selecionar algas com alta capacidade de corante e potencial para o cultivo em massa; melhorar o potencial do corante da alga através da otimização de suas condições de crescimento; estudar as condições de extração para optimizar a quantidade do corante obtido; comparar os diferentes processos de tingimento e as substâncias auxiliares necessárias para obter resultados satisfatórios; e avaliar a “solidez” dos corantes naturais obtidos em comparação com os corantes sintéticos.

Para substituir os corantes sintéticos, a nova solução deve ser capaz de fornecer uma ampla gama de cores, e consequentemente, uma alta variedade de tons. Para cumprir este objectivo dentro do período de tempo do projeto, o consórcio vai se concentrar em uma mistura de três cores (vermelho, amarelo e azul) e através deles desenvolver outras cores na escala cromática.

Resultados esperados:
  • Uma seleção de espécies de algas (25 estirpes diferentes de microalgas / cianobactérias e 10 espécies diferentes de macroalgas) com propriedades potencialmente elevados de tingimento;
  • Procedimentos para otimizar o crescimento das algas, aumentando a sua produção de corantes e extrair os seus pigmentos naturais como alternativa ao tingimento têxtil sintético;
  • Um novo processo de tingimento utilizando os novos produtos testados e validados a um nível semi-industrial;
  • Legislar a diluição de 1/40 dos poluentes segmentados sem a necessidade de mais purificação;
  • Menor custo final do processo devido a poupança criada a partir da redução dos custos de purificação de águas residuais (não obstante o maior custo de produzir o novo corante natural);
  • Viabilidade de utilizar o novo processo de produção de corantes em outros setores, como alimentos, cosméticos e fertilizantes.


O projeto PILI utiliza bactérias para criar tintas e corantes microbianos

A preocupação com a poluição ambiental da moda aumentou o interesse pelos corantes naturais. Apesar de ser mais sustentável, a realidade é que a sua implementação em escala industrial é incompatível com as necessidades da indústria têxtil pois sua gama de cores é limitada, o tingimento não fica uniforme, é mais caro de produzir pois precisa de mais terra e água para crescer a matéria prima.

Além disso, o tingimento com corantes naturais precisa de uma grande quantidade de água como os corantes sintéticos que por outro lado, tem cores ilimitadas, são mais baratos de produzir, tem tingimento uniforme e não precisam de terra e água para crescer a matéria prima. Qual é a melhor solução? Estamos entrando numa nova Era de materiais que é impulsionada pela criatividade, sustentabilidade e responsabilidade ambiental. Estamos começando a construir materiais utilizando os sistemas vivos através da ciência da biomimética criando tintas e corantes bacterianos!

A PILI é uma empresa francesa de biotecnologia que visa desenvolver novos processos para a produção biológica de corantes renováveis e biodegradáveis, oferecendo uma alternativa aos poluentes corantes sintéticos que são utilizados principalmente nas indústrias têxtil, tintas e cosmética. A ideia é utilizar as bactérias do solo para produzir naturalmente belos pigmentos coloridos por suas características orgânicas e recicláveis.

Thomas Landrin é o co-fundador da Pili e também co-fundador da La Paillasse, o primeiro laboratório de Paris para a próxima Era da inteligência coletiva, prototipagem rápida e big data dentro de uma estrutura aberta e comunitária. Desde a sua primeira descoberta em fazer bactérias criarem tinta azul, eles adicionaram quatro novas cores: violeta, vermelho, laranja e amarelo. 



Essa é a primeira tinta a ser biologicamente sintetizada por bactérias e é um biomaterial renovável, que tem o potencial de substituir as cores petroquímicas que usamos em nossa vida cotidiana, e que causam grandes danos ao nosso planeta. A biotecnologia utilizada aqui é tão velha, que poderia ter sido usada por nossos ancestrais pré-históricos. Thomas Landrin acredita que é necessário a utilização de novos processos e torná-los disponíveis para todos! Para ele: “Seria muito legal se pudéssemos superar a indústria petroquímica. Ao mesmo tempo, acho que devemos explorar o que a natureza nos dá “.

 

Fonte: Stylo Urbano
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