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Bioeconomia: matrizes renováveis e biotecnologia podem ser a solução rumo à economia sustentável

29/05/2016 05h10 | Atualizado em: 29/05/2016 05h19

Atitudes para um desenvolvimento sustentável se tornaram uma urgência e estão inseridas de forma definitiva na agenda da sociedade. Até no mundo dos negócios a sustentabilidade está em jogo. Antes empresas pensavam só em lucro, agora devem otimizar seus processos produtivos na chamada “ sustentabilidade corporativa”.

Hoje, a sustentabilidade é um imperativo para o sucesso das empresas, que precisam cada vez mais entregar valor agregado e lifestyle, não somente mercadorias. A preocupação com o meio ambiente se converte em vantagem competitiva em mercados cada vez mais exigentes e desafiadores. Dessa forma, amplia-se a perenidade da marca, em virtude do fortalecimento de sua reputação e credibilidade.

Para o desenvolvimento sustentável, os negócios devem estar amparados em boas práticas de governança, com benefícios sociais e ambientais. Essa metodologia influencia ganhos econômicos, a competitividade e o sucesso das organizações.

Qual o motivo da sustentabilidade ser tão importante para economia? A população cresce em número e em capacidade de consumo, com isso, a demanda pela utilização de recursos naturais aumenta de forma insustentável. A utilização de matrizes não renováveis tende ao esgotamento e à poluição do meio ambiente. Para quebrar esse paradigma, existem conceitos econômicos que propõem um novo modo de gestão da sociedade, como a economia circular.

Outro conceito que visa o consumo de maneira equilibrada com o meio ambiente é a bioeconomia, ou economia sustentável. O objetivo da bioeconomia é ser uma economia que utilize recursos de base biológica, recicláveis e renováveis, ou seja, mais sustentáveis.

O que é bioeconomia?



A bioeconomia está estreitamente ligada com a melhoria de nosso desenvolvimento, na busca por novas tecnologias que priorizem a qualidade de vida da sociedade e do meio ambiente em seu eixo de elaboração. Ela reúne todos os setores da economia que utilizam recursos biológicos.

O conceito surgiu há meio século. O economista romeno Nicholas Georgescu-Roegen englobou nas ciências econômicas os princípios da biofísica. Na visão de Roegen, o processo de produção de bens materiais diminui a disponibilidade de energia no futuro e, consequentemente, a futura possibilidade de produzir outros bens materiais. A entropia, conceito definido pelo físico alemão Clausius em 1850, tem papel central na bioeconomia. A energia precisa ser incluída na análise dos processos econômicos. A energia total do universo é constante, mas a entropia total continuamente aumenta, ou seja, possuímos cada vez menos energia utilizável. Recursos naturais (baixa entropia) de alto valor são transformados em resíduos (alta entropia) sem valor. Esses conceitos da biofísica podem parecer um pouco complicados, mas basicamente significam que uma tecnologia não é viável a menos que ela seja capaz de manter sem reduzir o estoque de recursos não renováveis.

Assim surgiu a bioeconomia, para possibilitar soluções eficazes e coerentes para os problemas socioambientais contemporâneos: mudanças climáticas, crise econômica mundial, substituição do uso de energias fósseis, saúde, qualidade de vida da população, etc.

A Comissão Europeia, por exemplo, para alcançar este objetivo, estabeleceu a bioeconomia como um plano de estratégia e ação que incide sobre três aspectos fundamentais: desenvolvimento de novas tecnologias e processos para a bioeconomia; desenvolvimento de mercados e competitividade nos setores bioeconomia; incentivo para que os responsáveis políticos e as partes interessadas trabalhem juntos.

O objetivo é uma economia inovadora com baixas emissões, que concilie as exigências para a agricultura sustentável e a pesca, segurança alimentar, e o uso sustentável dos recursos biológicos renováveis para fins industriais, assegurando ao mesmo tempo a biodiversidade e proteção ambiental.

A bioeconomia contempla não apenas setores tradicionais como agricultura, silvicultura e pesca, mas também setores como as biotecnologias e bioenergias.

Conceitualmente, podemos definir a bioeconomia como a aplicação de conhecimentos biológicos, em um ambiente sustentável, a produtos competitivos e com agregação de operações econômicas. Ela é dependente de pesquisa em biociências, tecnologias de informação, robótica e materiais.

A biotecnologia moderna já possibilita a criação de muitos produtos e processos que se adequam a bioeconomia, como energia renovável, alimentos funcionais e biofortificados, biopolímeros, biopesticidas, medicamentos e cosméticos. Com os avanços da biologia sintética, a tendência é que cada vez mais surjam biofármacos, bioinsumos e bioprodutos. Ao que tudo indica o futuro será definitivamente bio.

O Brasil e a bioeconomia



O Brasil possui enorme riqueza natural, motivo que abre uma janela de oportunidades para seu protagonismo na bioeconomia mundial. Além disso, a competência do país em bioenergia, aptidões agrícolas e biotecnologia tornam o Brasil um ator de liderança nesse cenário. Para participar de maneira significativa desse desafio é importante garantir espaço para produtos inovadores e processos de base biológica, em segmentos vitais como a agricultura, a saúde, e as indústrias química, de materiais e de energia. O país precisa adotar políticas que estimulem pesquisadores, cientistas e ambientalistas, ao mesmo tempo em que facilitem o acesso ao vasto patrimônio genético de nosso território.

Fonte: Ecycle
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